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Aventuras pela Itália – 4ª parte

Ando meio com receio de que as pessoas estejam cansadas desses relatos, então encerrarei por aqui a “série” e deixarei para escrever sobre outras questões que considero dignas de serem compartilhadas em outros momentos, futuramente. Hoje, entretanto, ainda quero partilhar algumas percepções.

Entre as locais que visitamos, como o Vaticano, várias igrejas, praias pedregosas, a Fonte de Trevi, a Torre de Pisa, o que mais me chamou a atenção foram as marcas do passado, da história, registradas nas ruínas que gravaram os passos da humanidade, inclusive os vergonhosos.

Em Roma visitamos o Coliseu, ou o que restou dele. Também conhecido como Anfiteatro Flaviano, foi construído entre os anos 72 a 80 d.C., sendo inaugurado em 81. Com mais de 48m de altura, feito com tijolos de argamassa e areia, era inicialmente revestido de mármore travertino. De acordo com informações que colhi superficialmente na internet, o local tinha capacidade para comportar entre 50 a 80 mil espectadores, sendo utilizado para combates entre gladiadores, caça de animais, execuções públicas e encenações teatrais.

Admito que local impressiona já do lado de fora. É imenso, imponente, mesmo parcialmente destruído. Já na imensa fila, com nossos ingressos previamente comprados, meu pai foi reconhecido por um ex-aluno, filho de amigos de Lins, deixando claro que o mundo é imenso, mas também minúsculo. Lá dentro é impossível não sentir algo que transcende às palavras. Ao mesmo tempo em que é admirável o produto da invenção humana, é igualmente triste imaginar quantas vidas, humanas e animais, foram perdidas em nome da “diversão”.

Considerado uma das sete maravilhas do mundo moderno, consta ainda que foi construído sobre o antigo palácio do imperador Nero. De toda forma, aspectos históricos à parte, é um lugar incrível e que merece ser visitado, tanto para admiração quanto em memória dos inocentes que pereceram diante de uma política de pão e circo, tão conhecida e perpetuada até os dias de hoje em tantos lugares do mundo.

Dias depois visitamos as ruínas de Pompeia. Admito que havia planejado escrever um texto inteiro apenas sobre o que sobrou da cidade italiana soterrada por séculos pelas cinzas do Vesúvio, vulcão que entrou em erupção em 79 d.C. Eu imaginava, pelo que havia visto pela televisão ou lido superficialmente, que a cidade de Pompeia, que dista 22km de Nápolis, havia sido destruída pelas lavas do vulcão, mas não foi isso que aconteceu.

Segundo pesquisei, Pompeia, na época de sua destruição, depois de ter passado pelo domínio de diversos povos, era um local de moradia sobretudo de pessoas abastadas, de intenso comércio e contava com uma população de aproximadamente 20 mil pessoas, várias das quais a utilizavam como vila de férias. Alguns tremores já haviam afastado grande parte dos moradores, mas segundo historiadores puderam concluir, grande parte das pessoas pensou que seria possível retornar, deixando lá seus pertences. Outras, cerca de 1500, estima-se, não puderam ir ou não imaginavam o que estava por vir.

Essas pessoas, fossem idosos, doentes ou descrentes, morreram com as altas temperaturas e com os gases emanados do vulcão, sendo a cidade toda soterrada por uma intensa e mortal chuva de cinzas. Por 1600 anos Pompeia se manteve oculta, sendo descoberta por acaso em 1748. As cinzas e a lama de deslizamentos posteriores preservam objetos, construções e permitiu que fossem feitos os moldes dos corpos de muitos habitantes exatamente na posição em que se encontravam quando morreram.

O sítio arqueológico que até hoje continua sendo escavado, com descobertas contínuas, é imenso e permite a visão de uma obra arquitetônica magnífica, conferindo vislumbres de palacetes, praças, casas de banho e uma estrutura de escoamento e distribuição de água.

O dia em que a visitamos estava muito quente e após andarmos por 3 horas, rendemo-nos ao cansaço, sem, entretanto, conseguirmos cobrir toda sua extensão. Ao almoçamos nos arredores, era possível vislumbrar o Vesúvio. Enquanto comíamos mais uma deliciosa versão de macarrão, eu só pensava naqueles que ali ficaram, eternizados na história de forma involuntária, sobretudo nas crianças e em um cão deixado amarrado, que sequer teve a chance de fugir e que hoje é um dos símbolos do local.

Enquanto estivemos na Itália dois vulcões apresentaram atividades indesejadas, deixando claro que, façamos o que quisermos, quem manda no mundo continua sendo a natureza. Arrivederci Itália.

Cinthya Nunes é jornalista, advogada, professora universitária e é uma curiosa sobre o mundo que ainda pouco conhece – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo./www.escriturices.com.br