Aventuras pela Itália – 3ª parte
Ficamos um tanto frustrados quando descobrimos que alugar um único carro para seis pessoas seria mais caro e até inviável para podermos circular pelas ruas estreitas de várias pequenas cidades turísticas italianas. O jeito, então, foi alugarmos dois e nos dividirmos, ficando ao meu encargo ser a pessoa que iria de copiloto no carro da frente, de olho no GPS. Admito que isso me deixava um pouco tensa porque qualquer erro implicaria em desvio de rotas desconhecidas e, em alguns casos, diante de ruas sem saída, das quais só era possível sair de marcha ré.
Visitamos as cidades que demos conta de fazer, fosse pelo cansaço, fosse pelo calor excessivo e até mesmo por desconhecer tantas outras que somente agora, de volta a terras brasileiras, tomamos conhecimento. Sem dizer que até o computador parece estar de sacanagem, porque nunca recebemos tanta publicidade sobre coisas legais e únicas para serem feitas na Itália. Poxa, custava ter enviado há um mês? Enfim.
Assim, fomos até a cidade medieval de San Gimignano, uma das cidades mais medievais da Toscana, patrimônio Mundial da Unesco e que fica a 63 km de Florença, onde estávamos hospedados. Localizada no alto de uma colina, a cidade nasceu e cresceu em decorrência dos peregrinos, sobretudo franceses que tentavam chegar até Rom. No seu auge, a cidade chegou a ter 13 mil habitantes e a maior fonte de riqueza era o açafrão. A principal entrada da cidade é a Porta di San Giovani, construída no século XIII. Difícil passar por ela sem ter a sensação de que se dá um passo adentro pelo passado.
Repleta de prédios históricos, com arquitetura medieval, com muitas ruelas estreitas que vão cortando a vias principais nas quais há muitas lojas com artesanato e comida típicos da região, bem como vinhos. Há ainda várias lojas de marcas famosas e atuais, em uma mistura do novo e do velho. Uma das poucas coisas que já sabíamos era que lá fica uma Gelateria famosa, a Dondoli, premiada duas vezes como o melhor sorvete do mundo. Pela fila que nunca diminuía, acho que todo mundo queria tirar a prova. Experimentei um sorvete de pistache e posso afirmar que era muito bom. Aliás, pistache é algo que os italianos parecem colocar em tudo, de doce a salgada, líquido ou sólido.
As torres de San Gimignano são famosas e embora atualmente sejam apenas 13, no passado eram 72, muitas das quais destruídas por ataques em tempos de guerras. Chamadas de casas-torres, eram residência das pessoas ricas, sendo que algumas eram até conectadas entre si. A mais alta dela, a chamada Torre Grossa tem 54 metros de altura. Não tivemos a oportunidade de subir nas duas que estão abertas à visitação, mas segundo li, as cozinhas dessas casas-torres ficavam na parte mais alta. Ou seja, tinha que ter alguém para preparar a comida ou ter muita fome, saúde e disposição para fazê-lo.
Para experimentarmos coisas diferentes resolvemos almoçar um panino típico, um sanduíche feito com focaccia e de recheios variados. Pedi um com muito queijo e tomate e tentei me enganar dizendo que não daria conta, mas comi inteiro o quadradão que chegou na mesa. A cada dia de viagem ficava mais claro que antes de comer algo na Itália é recomendável conferir o tamanho da porção. Curiosamente, o café expresso é quase que somente um borrão quente no fundo da xícara. Para beber uma quantidade decente é necessário pedir o duplo, mas se pedir café americano, prepare-se para tomar um pequeno balde de café aguado.
Visitamos ainda o Museu da tortura e o Museu da Bruxaria e aviso que as imagens são chocantes. Triste demais ver do que a humanidade foi (e é) capaz de fazer em nome de falsos valores. Vale a reflexão, mas não recomendo aos mais sensíveis. Li também em algum lugar que a cidade foi muito afetada pela peste negra, o que diminuiu em muito a população local e a deixou meio paralisada no tempo, principalmente na arquitetura.
A região é famosa também pelas vinícolas e pela produção de azeites, mas esse passeio acabamos não fazendo, mesmo porque não sabíamos exatamente aonde ir. Dentro da cidade visitamos a Catedral dedicada à Santa Fina, a padroeira da cidade e cuja história é muito interessante.
Difícil explicar e compartilhar a experiência de maneira fidedigna dentro do espaço de uma crônica, mas enquanto viagens no tempo não são possíveis, visitar San Gimignano é uma boa pedida, sem dizer que o serviço de bordo é de lamber os beiços!