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Todos os anos, ao término dos meses de férias, eu me sinto tentada a escrever sobre o tema. Talvez seja um hábito derivado dos tempos de escola, já que, naquela época, era comum que a professora nos incumbisse da tarefa de descrever como passáramos nossas férias...

Já nem me recordo quantos textos eu reinventei sobre o tema nos últimos tempos. Sem querer me repetir, mas é que, vivo pensando na diferença do que eu considerava férias “antigamente” (rs) e o que são minhas férias hoje. Não me queixo, deixo claro, mas é inevitável a comparação.

O que acho engraçado é que, quando somos crianças ou mais jovens, quando temos mais resistência e potencial, as férias são imensas e verdadeiros oásis de desligamento e descanso. Na realidade, eu chegava a ter saudades de voltar para as aulas, de rever os amigos e não raras vezes até achava que elas eram longas demais. Mesmo na faculdade, além de todo mês de julho, ainda tínhamos os meses de dezembro, janeiro e fevereiro! Eram outros tempos, por certo, mas hoje fico até curiosa tentando lembrar-me de como eu preenchia essa longo período de ócio.

Atualmente, exceto uns 20 dias entre dezembro e janeiro, praticamente não tenho férias, não no sentido mais puro da palavra. E estou certa de que isso ocorre com todo mundo que, no universo dos adultos, tem um quase milhão de atribuições concomitantes. É que simplesmente não dá para pararmos tudo. Talvez isso seja, em parte, culpa da tecnologia. Ela nos escraviza sem que nos demos conta. Eu, ao menos, não sou capaz de passar um único dia sem olhar meus emails e, em férias, inevitavelmente, é fonte de algum estresse.

Fora que, quando crianças, os adultos, se temos sorte de estarmos entre quem nos ama, tratam de nos encontrar atividades, diversão e até nos mimam com guloseimas especiais. É hora de cinema, sessão da tarde, pipoca, dormir fora de hora, na casa dos primos, dos amigos, andar de bike, ficar na casa da vó, enfim, tudo o que a vida tem de muito bom e simples.

Adultos, em nossas próprias casas, temos que tirar o lixo, cuidar da casa e, mesmo se tivermos uma auxiliar, ainda temos que pagar as contas, cuidar daqueles que de nós dependem, sejam filhos ou animais de estimação. Ou seja, excetuando alguém que tenha uma dúzia de empregados e renda para isso, o restante de nós, depois de adultos, simplesmente quase nunca mais entra em modo off... Na verdade, ficamos em um estranho stand by, em um estado de semi-vigília e espera...

É claro, por outro lado, que ficar uns dias em casa, de pijamas, sem horário para acordar ou para dormir, sem todos os compromissos cotidianos, faz muita diferença, mesmo quando não é possível sair em viagem, mas que as férias das crianças são potencialmente muito mais legais do que as dos adultos, isso eu acho que são...

Após as minhas férias de gente grande, estou de volta, graças a Deus! Rs...

Cinthya Nunes