images/imagens/top_2-1-1024x333.jpg

rua 25 de marco 1

Fomos de metrô, porque estacionar lá perto seria mais caro, mais difícil. Sem dizer que nem sabíamos exatamente se e onde haveria estacionamento disponível. O céu, muito nublado, anunciava a possibilidade de chuva forte. Não havíamos levado guarda-chuvas, mas, se fosse o caso, daria para comprar lá no Brás, bairro popular de compras para o qual estávamos indo.

São Paulo não é uma cidade única, mas muitas cidades diferentes. Não apenas pelas dimensões, mas também pela diversidade de pessoas, culturas, atividades e outros tantos fatores. Mesmo morando aqui há quase dezoito anos, ainda há uma quase infinidade de lugares da capital paulista que desconheço e, vez ou outra, gosto de me aventurar por aí.

O bairro do Brás não me era desconhecido de todo, mas foram poucas as vezes nas quais tive a coragem de encarar a multidão de pessoas que lotam as lojas e ruas, ainda mais em épocas que antecedem datas festivas. Desta vez, porém, tivemos sorte na escolha do dia e do horário. O metrô, para os parâmetros de São Paulo, estava bem vazio e chegamos rapidamente.

Na dúvida para que lado deveríamos seguir, pois eu tinha uma loja em mente, de materiais de papelaria, paramos para pedir orientação aos policiais militares. Aliás, policiamento não faltava nos arredores. Até cavalaria tinha e não deixava de ser engraçado o cheiro de esterco no meio da muvuca do bairro.

No Brás há lojas de quase tudo, desde preços que seduzem, mas também causam desconfiança sobre a procedência, até barracas de rua que não deixam dúvida sobre o que vendem. Por ser quase dezembro, achei que as ruas, lojas, galerias e shoppings estariam abarrotados, mas me enganei. Talvez, por ser fim de mês e antes do pagamento da 1ª parcela do 13º, a grande massa de compradores estivesse esperando por dias melhores. Achei ótimo, porém.

O que sempre me deixa indignada é a sujeira das ruas, dos bueiros quase inteiramente cobertos de lixo. As pessoas parecem simplesmente incapazes de jogar o lixo no lugar adequado. Descartam todo tipo de coisas pelo chão, seja restos de comida, embalagens de toda forma e outras coisas não identificáveis ou não nomeáveis. O lugar poderia, a despeito de uma característica mais popular, ser um ponto até turístico, mas ainda falta muita civilidade para isso.

Nosso destino era um shopping que reunia grandes lojistas importadores de mercadorias de marcas e qualidade variadas. É preciso ter cuidado para saber o que comprar, porque nem todo barato é bom ou durável, mas sabendo garimpar, é possível achar tesouros de papelaria, de informática, vestimentas, perfumes etc. Presumo que, estando dentro do shopping, seja tudo legalizado e, por isso, compro minhas coisinhas sem me preocupar se, por via reflexa, estou colaborando com atitudes comerciais questionáveis.

Em verdade, mais andamos e olhamos, do que compramos, porque o Brás, no caso não é o tesoureiro e não dá para gastar em bobagens que, de real em real, acabam pesando no bolso. Valeu a incursão, todavia. Não choveu, não fomos espremidos no transporte público e ainda demos boas risadas. Algumas horas depois, estávamos de volta ao nosso bairro, como se chegássemos em outra cidade. E essa é São Paulo, a cidade que tomei como minha, múltipla, louca, cativante e assustadora, tudo ao mesmo tempo...

Cinthya Nunes é jornalista, advogada, professora universitária, adora umas comprinhas baratinhas e é paulistana de coração –

Share on Social Media