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pizza

Aventuras pela Itália – 1ª parte

Só acreditei mesmo quando aterrissamos em Florença. A viagem à Itália deveria ter acontecido 7 anos atrás, mas assim a vida não quis. Tanta coisa aconteceu que até julgava improvável dar certo. Questões de saúde, financeiras, trabalho, mudanças de rota e a Itália foi sendo destino adiado, até que resolvi que iríamos, de um jeito ou de outro.

Toca fazer contas, economizar, organizar. Era para sermos quatro, mas de repente iríamos em seis. Poucos meses antes algumas coisas se complicaram novamente e eu resolvi deixar para o destino. Fosse para dar certo dessa vez, daria. Aos poucos as coisas foram se equilibrando na medida do possível e chegou o dia de partirmos. Malas feitas, corações ansiosos e lá fomos nós.

A viagem de doze horas até que transcorreu bem. Ninguém perdeu o horário, nem esqueceu de nada importante. Exausta, tentei dormir para ter um pouco de disposição física ao chegarmos. Tinha sido uma semana cansativa, quase uma gincana para cumprir a agenda que me impus. Uma dose de limoncello foi servido a bordo, amaciando literalmente a tensão acumulada. Mal sabia eu que o delicioso licor de limão é típico de uma das regiões em que visitei na etapa final de nossa viagem, mas sobre isso contarei em outro texto.

Assim que chegamos em Florença e de gastar todo meu italiano acumulado após meses praticando em um aplicativo gratuito (e alguns meses de aula presencial durante a Faculdade, há milhões de anos), conseguimos chegar até o hotel com ajuda do GPS. Para o primeiro dia não tínhamos planos, exceto de acharmos um bom lugar para comer. Malas nos quartos, saímos a pé procurando por algo nos arredores.

Além do fuso de cinco horas a mais, o fato de que no mês de julho, pleno verão europeu, só escurece bem depois das nove da noite não ajudou muito com nosso sono e fome. Avistamos um shopping e descobrimos uma pequena praça de alimentação. Era nosso primeiro dia em terras italianas e resolvemos conferir se as pizzas deles são melhores ou parecidas com as nossas.

Olha o cardápio já era uma coisa delicada. Entender a língua nem era o problema, mas sim o exercício de não converter o preço em euros para reais. Escolhemos dois sabores de pizzas no menu e chamamos o garçom que, entretanto, olhou-nos com estranhamento e informou que as pizzas eram individuais. Devidamente instruídos, pedimos então seis pizzas, uma para cada um, imaginando que fosse algo pequeno.

Quando a primeira pizza chegou, exatamente do tamanho de uma pizza grande que conhecemos aqui no Brasil, achamos que tinha havido um erro, mas o garçom nos afirmou, em italiano e em inglês (por via das dúvidas), que na Itália se come assim, uma pizza para cada um. E foi assim que seis brasileiros se viram, cada um, com uma pizza inteira no prato.

A situação para nós era hilária e ninguém entendia a razão de rirmos tanto diante do que nos parecia absurdo. Para piorar, outro estrangeiro se aproximou e, olhando para nossos pratos, com olhar curioso, comentou em espanhol com a esposa que aparentemente tínhamos muita fome.

Fica a dica para quem, assim como nossa família, não conhece os costumes italianos e for se aventurar por lá: uma pizza individual tem oito pedaços e não adiante perguntar o tamanho antes, vão por mim. Por nossa sorte a pizza não era muito cara e cada um de nós comeu o que deu conta, alternando mordidas com gargalhadas. Fora difícil chegar até a Itália, mas nossa aventura havia começado. Aguardem cenas dos próximos capítulos.

Cinthya Nunes é jornalista, advogada, professora universitária, descendente de italianos, mas não consegue comer uma pizza inteira sozinha – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo./www.escriturices.com.br