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Dia desses participei de uma conversa entre professores de Direito, na Universidade em que leciono, para tratarmos de aspectos jurídicos da Inteligência Artificial. Como gosto de tecnologia, já vinha estudando algumas interfaces, mas nada ainda aprofundado. Dei minha pequena contribuição, mas o que ouvi dos meus colegas, confesso, tirou-me ao menos uma noite de sono.

Descobri que a chamada inteligência artificial pode ser do tipo generativa, quando através de conexões assemelhadas àquelas que nosso cérebro faz, vai aprendendo e evoluindo.

Sou, como regra, entusiasta dos avanços tecnológicos, mas fico aqui pensando com meu cérebro orgânico que nem sei mais o quanto é capaz de aprender, que de certa forma a humanidade está se enamorando perigosamente com a Criação. Não é raro a criatura superar o Criador, só para registro. Tal qual disse um amigo naquela mesma mesa de debates, será que estaremos no comando a ponto de apertar o botão de desliga se as coisas saírem do controle?

O que me parece, se não entendi errado, é que o tempo todo em que estivemos fazendo aparentes inocentes pesquisas na internet, colocando fotos, brincando com programas que nos tornam azuis, fantasmas, alienígenas, entre outros, fomos alimentando uma rede que foi se agigantando e, em uma linguagem nada técnica, muito menos jurídica, ganhando autonomia para criar a partir do que compilou.

Admito que tudo isso ainda me parecia algo distante e abstrato. Para muitos, a ameaça se resume a robôs que aspiram sozinhos a casa e ainda, de quebra, servem de distração para cães e gatos entediados. Para outros, é coisas de filme de ficção científica, mas a revolução, leitores meus, vem acontecendo dia após dia, sem que a gente se dê conta.

Entre centenas de possíveis atuações, temos programas que criam rostos de pessoas que não existem. Bem, é o que garantem, embora ninguém tenha certeza disso por completo.

Seja lá como for, basta escolher a etnia, a idade, o gênero e o programa gera uma imagem de alguém fictício. Adverte ainda que você pode usar aquela imagem para qualquer finalidade lícita. Um rosto sem história e sem alma, formado, creio, de milhões de micro pedaços das infinitas selfies alheias, apropriado por qualquer um que dispuser de dois minutos para brincar de Deus.

Há muitos programas de computador, para dizer em uma linguagem mais simples, que se utilizam da inteligência artificial em prol do bem-estar, do conforto e de outras necessidades humanas, mas conferir de perto do que são capazes é algo assustador, para ficar no clichê. Um exemplo é o Chat GPT. Você escreve uma pergunte e a inteligência artificial, que é generativa, responde. Perguntei a ela se devemos ter medo da IA e ela respondeu que “não é tanto que as pessoas devam "ter medo" da IA, mas sim que devem estar informadas, envolvidas em discussões sobre ética e regulamentação, e considerar tanto os benefícios quanto os riscos potenciais da sua implementação.”

Acrescento ainda o poeminha que ela (ou seria ele?) criou, a meu pedido:

“A rede de dados a brilhar,
A IA surge a nos deslumbrar.
Com cálculos rápidos a executar,
Novos horizontes a desvendar.
Mas cuidado com o que programar,
Ética e cautela devem se juntar.”

Assim, eu não sei vocês, mas acho prudente ter um pouco de medo... Quem viver verá.

Cinthya Nunes é jornalista, advogada, professora universitária e descobriu que não basta mais temer a ignorância natural – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo./www.escriturices.com.br