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Ao contrário do clássico romance da escritora Maria José Dupré, esse não é um texto sobre perdas, mas sobre ganhos ou acréscimos, como se preferir. Lembro, inclusive, de que quando eu era uma aluna do hoje nomeado ensino médio, o livro figurava entre os de leitura obrigatória e embora eu sempre tenha gostado muito de ler, não gostei da tristeza que a história carregava, da dor das perdas que nos diminuem com o passar dos anos.

Retomando o mote desse texto de hoje, o caso é totalmente outro. Pois bem, como já relatei aqui, no final do ano, enquanto eu passava as festas com meus pais e irmãs, achei pela rua dois filhotinhos de gatos, ambos pretinhos e machos. Muito dóceis, foi extremamente fácil fazer com que viessem até mim. Constatado que não tinham dono e que corriam risco sozinhos pelas ruas, resolvi resgatá-los, nomeando-os provisoriamente de Benedito e Bento.

Rapidamente, com uma única mensagem de whatszapp e o Benedito já tinha um lar esperando por ele na cidade de Taboão da Serra. O destino era a caso do meu tio José e de sua esposa Junia, para fazer companhia a uma gatinha que já tinham resgatado anteriormente. Sem fazer ideia de para onde eu mandaria o Bento, segui acreditando que conseguiria um lar para ele também com alguns conhecidos.

Chegou o dia de voltar para São Paulo e segui viagem com os dois pequenos na caixa de transportes, já devidamente vacinados e asseados. Por sinal, gostaria de agradecer ao Dr. Roberto Camargo, veterinário, e à esposa Roseli, que não apenas hospedaram os bichanos lá, mas que também abriram as portas da clínica em pleno dia 31/12, perto das 19h, para que o Bento, encontrado nesse dia, pudesse ter onde passar a noite e aguardar meu retorno à capital paulista.

O fato é que um dia após chegar em casa o Benedito seguiu para sua nova casa e horas depois recebi fotos dele de coleirinha vermelha, com pose de rei. Tarefa cumprida. Mas e o Bento? Coloquei foto dele em todas as redes sociais e fiz o texto mais fofo que pude, rogando por um lar. Enquanto isso, coloquei nele também uma coleirinha vermelha, até para ver se ele ficava mais atraente nas fotos.

Foram várias as curtidas e os comentários, mas ninguém nem remotamente se interessou. Tirando o fato de que muita gente, quem gosta de animais e se importa, já terem muitos animais consigo, a real é que quase ninguém quer um animal sem raça aparente, dessas de vitrine. O Bento, por exemplo, tem a ponta do rabo torta e está tão magrelo que dá dó. Na mesma semana vi um aviso de uma pessoa doando um gatinho persa e faltou gato para tanta gente.

Acredito que todos tem seu destino nesse mundo. Nada é por acaso. Já mandei fazer a coleira de identificação do Bento. Arrumei um lar legal para ele. Já tem outras três gatas lá e um cachorro rabugento de quinze anos, mas é um lugar bacana de ser viver. Éramos seis, mas agora, porque assim quis o destino, somos sete!