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Não é minha preferência escrever sobre política. Sempre temo não ser bem entendida, mas desde já algum tempo certas atitudes vem me incomodando profundamente. Assim, diante da prisão do ex-presidente Lula, achei por bem abrir uma exceção para comentar alguns comportamentos.

Comentei em outras oportunidades nesse espaço que gosto de vários aspectos das redes sociais. Aprecio a oportunidade de reencontro e reaproximação com amigos da infância, com pessoas que vivem fisicamente distante de mim e mesmo para conhecer pessoas em grupos de interesses em comum, como, no meu caso, por exemplo, literatura e pães, entre outros.

Do mesmo modo, gosto do aspecto divertido das redes sociais. Há muita brincadeira saudável, daquela que não ofende a ninguém. Outro ponto positivo é o profissional. Através das redes sociais pode-se divulgar trabalhos acadêmicos, bem como beneficiar-se de toda uma rede de relacionamentos profissionais.

Da forma como vejo, se a pessoa não se expuser demais, se mantiver a etiqueta necessária para a vida em sociedade, as redes sociais podem ser muito interessantes. É claro que, como espelho social, são capazes também de retratar o pior das pessoas. E é aí que relaciono as redes sociais ao tema política.

Bastou, por exemplo, a prisão do Lula ser decretada que toda uma multidão de pessoas sem formação jurídica começasse a se arvorar de jurista, discutindo até mesmo o cabimento de recursos. É preciso que eu registre aqui que nada há de mal em se dar uma opinião sobre qualquer tema, mas é imperativo deixar-se claro o que é uma mera opinião, sob pena de ser fazer papel de idiota.

Seria como se eu, por exemplo, viesse a público questionar o tratamento médico de determinado paciente, tecnicamente falando, sendo advogada. Posso, assim, por óbvio, emitir uma opinião que, no meu caso, será um mero palpite ou uma colocação baseada em alguma premissa, mas, ainda assim, não será muito mais do que apenas o meu leigo ponto de vista.

Li tanta coisa absurda nas redes sociais nas últimas semanas que tive que resistir bravamente para não deixar definitivamente o mundo virtual, mas o que mais me entristeceu foi a forma agressiva como muita gente se comportou. Esse tipo de reação ocorreu independente do fato da pessoa ser a favor ou contra da prisão do ex-presidente.

Ler postagens ofensivas não ao Lula, mas aos próprios “amigos” que ousavam defender posicionamento contrário é algo que em muito me preocupa. Fico pensando aqui que se a pessoa defende a unhas e dentes alguém condenado pelos Tribunais brasileiros, sem sequer ter estado com tal pessoa, mas ofende feroz e pessoalmente pessoas de seu círculo pessoal, é porque algo está muito errado em nossa sociedade.

Como ocorre desde tempos imemoriais, enquanto os poderosos se unem, os plebeus carregam tochas e incendeiam a si mesmos. Por certo, em uma guerra, seríamos massacrados por aqueles que chamamos de amigos e, depois, nossos esforços e nossas vidas seriam, invariavelmente, deglutidos em um imenso banquete sem ideologias ou moral, tudo bem temperado pelo Senhor dos homens, o Dinheiro.