Uma de minhas frutas preferidas, nativa do Brasil, o maracujá é chamado de passion fruit em inglês. Tem esse nome porque suas flores são conhecidas como “Flor da Paixão”, a Paixão de Cristo. Assim, ele é o fruto da paixão. Em tupi, maracujá quer dizer alimento dentro da cuia. Seu nome científico é passiflora edulis. Aqui em casa é sinônimo de calmante e de comida de lagarta.
Nem sei precisar de quando vem essa fixação, mas sou apaixonada pela flor do maracujá. Na chácara da minha infância colhíamos maracujás quase o ano inteiro. Depois disso, tentei por várias vezes, sem sucesso cultivá-los. As sementes germinavam, as plantas nasciam e cresciam, mas as folhas logo eram atacadas por implacáveis lagartas que em poucos dias deixavam só os talos.
Em uma das vezes consegui controlar as lagartas e quase explodi de alegria quando vi duas flores abertas, lindas, apaixonantes. As abelhas e borboletas se deliciavam e eu achava lindo, até me dar conta de que as lagartas são as filhas das borboletas. Nunca consegui um mísero maracujá nas minhas tentativas de plantio em vasos, mas dei de comer a muitas lagartas.
Descobri, recentemente, que há várias espécies de maracujá. O maracujá doce, de se comer com a colher, é um manjar dos deuses. Tem frutos imensos e outros pequenos, mais doces. O tipo mais comum é o amarelo, correspondendo a 95% do cultivo no mundo. É mais ácido e muito utilizado para doces, sucos e sorvetes.
A propósito, um dos doces que mais gosto é mousse de maracujá. Bolo de chocolate com maracujá também é uma excelente pedida. Pensando nas calorias, em geral me contento mesmo com o suco. Além de refrescante, também tem propriedades calmantes e é rico em vitamina C e outros nutrientes importantes.
Embora o suco seja largamente utilizado como calmante, estudiosos afirmam que essa qualidade se concentra mais nas folhas e não no fruto. Fiquei pensando que deve ser por isso que as lagartas comem tão ansiosas as folhas e depois, muito mais calmas, constroem casulos e viram lindas borboletas, símbolos do relaxamento.
A polpa branca existente entre a casca e as sementes, a entrecasca, também possui muitas propriedades e dela se faz uma farinha rica em fibras, pectina e outras substâncias benéficas à saúde que, segundo estudos, ajudam no controle da glicemia, do colesterol e no funcionamento do intestino. Em resumo, do maracujá tudo se aproveita.
Quem já viu pessoalmente um maracujazeiro produzindo sabe que é algo muito bonito de ser ver. Entre os lindos frutos de aparência quase sempre arredondada ou ovalada, amarelos, verdes ou roxos, ficam as flores belíssimas e perfumadas. Planta trepadeira, precisa se apoiar em alguma outra árvore ou em algum suporte para se desenvolver de forma adequada. As folhas, muito verdes, tem formatos bem singulares, ora ligeiramente estreladas, ora lembrando corações. Como disse acima, delas se pode fazer um chá calmante, muito bom para dias difíceis.
Atualmente estou outra vez na tentativa de produzi-los em casa, no meu quintal de vasos. Plantei as sementes de um maracujá doce que comprei na feira. O primeiro round já foi ganho pelas lagartas, mas a planta se recuperou e segue, por ora, intacta. Enquanto isso, sigo fazendo sucos bem concentrados da fruta, meu remédio caseiro para os momentos em que preciso de paciência para seguir adiante.
Perfumes e cremes com essência de maracujá são muito benvindos aqui igualmente. Sem dúvidas, esse é, para mim também, o fruto da paixão.