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Na falta de título melhor para esse texto, foi essa a frase que me veio à mente. Lembrei-me de que um de meus últimos textos apelava para que São Pedro nos enviasse um pouco de abençoada chuva, para o bem das plantas, dos bichos e dos seres humanos. Por precaução, inclusive, antecipei-me no sentido de que ninguém me viesse culpar caso a água despencasse meio louca lá do céu, pois, pelo que tenho visto, ultimamente é tudo ou nada.

Pois bem, andei de fato procurando um índio para executar a dança da chuva, mas juro que não achei e que a chuva que abalou a cidade de São Paulo no final dessa semana em nada me é devida. Até faria bem pensar que disponho de algum canal direto com o dono do tempo, mas isso, no máximo, seria um “gato”... Por outro lado, a essa altura, eu estaria sendo massacrada por muitas pessoas, inclusive por mim mesma.

De fato, solicitei os valiosos préstimos celestes no sentido de que a chuva viesse mansa, paulatina e que fosse capaz de amenizar o calor excessivo que estava consumindo as forças de todos. Quando o tempo começou a ficar mais escuro ontem, quando as nuvens foram tomando suas posições, eu cheguei a crer que a água fluiria leve e delicada. Ledo engano...

A chuva já começou com aqueles tipos de pingos grossos, que ao bater nas pessoas causa a sensação de que se levou uma pedrada. Os pingos, inicialmente esparsos, foram se juntando e, em poucos minutos, era como estar embaixo de uma ducha de alta pressão. Se não se considerasse o fato de que eu tinha uma consulta médica, tinha que estar apresentável, que levava nas mãos um momento de papel e que estava no meio do canteiro de uma avenida congestionada, a sensação até poderia ter sido boa...

Corri o quanto pude e entrei no prédio parecendo meio molhada, meio suada e inteira desalinhada. Ajeitei os cabelos com as mãos, conferi o estado dos exames que eu carregava em um envelope de papel e subi para consulta. Depois de aguardar por mais de 45 minutos, a médica me atendeu e assim que colocou meus exames no visor luminoso, ouvimos um trovão e todas as luzes se apagaram.

Eu não conseguia acreditar! Não depois de todo tempo que eu levara para ir até La, bem como esperando lá mesmo. Minutos depois a luz voltou e a consulta caminhou tranquilamente. Voltei para casa, embaixo de chuva, mas para minha tristeza, pelo percurso, foi notando os estragos que a chuva causara.

Em casa, tudo escuro e até as 5 da manhã do dia seguinte, continuou do mesmo modo. Doía meu coração ver meus peixes ficando letárgicos pela falta de oxigênio, como se estivessem brincando de “roxinho”. Descobri que chuva foi bem forte em vários locais da cidade, com alagamentos, queda de árvores e muitas famílias no escuro.

Eu juro que não tive culpa... Só pedi a chuva doce, mansa, daquela que traz consigo a esperança de um mundo no qual haja equilíbrio. Dos homens, entre os homens, entre os homens e os bichos e até o equilíbrio de humor do Santo...
Cinthya Nunes