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Depois de várias semanas postergando, um belo dia resolvi tentar. Na verdade eu acabei apertando o botão de conectar meio sem querer e antes que eu pudesse desligar de pânico, ele já estava na tela do meu computador falando comigo.

__Hi. How are you?

Era tarde demais, o professor de inglês estava a postos, pronto para falar comigo, em inglês, obviamente, conectado por um aplicativo de aprendizado on-line, sentado em sua cadeira em algum lugar do mundo. Eu tinha duas alternativas, apertar o botão de desligar e fingir que aquilo nunca aconteceu ou seguir respondendo a ele.

__Hi! I´m ok!

Minha educação me proibiu de fugir da situação, mas a vergonha de falar meu inglês capenga fez com que eu me sentisse brincando de roleta russa. A qualquer hora o tiro poderia ser fatal, eu falaria algo errado ou ficaria sem saber o que responder. Já transpira em bicas, mas segurei as pontas e prossegui.

Para minha surpresa, consegui entender praticamente tudo o que me foi dito. O papo foi descontraído (mais para ele, rs) e eu fiz o que pude nos quinze minutos grátis que tinha recebi para testar o programa. Acabei a conversa como se tivesse corrido uma maratona. Estava exausta, mas feliz. A despeito de todas minhas limitações, eu tivera uma conversa com um nativo falante de língua inglesa, sem uma única palavra em português e sem grandes momentos constrangedores. Talvez alguns pequenos.

Tenho feito aulas de inglês durante toda a vida, mas nunca consegui o que queria: falar de forma razoável e ler rapidamente. Tantos livros de autores que gosto sem tradução para o português, além de textos técnicos cuja leitura me seria bem útil e o fato de já ter estado em situações delicadas recepcionando no Brasil pessoas de países de língua inglesa fizeram com que eu resolvesse tomar uma atitude mais severa comigo.

Contratei o aplicativo para o período de um ano, pelo qual devo falar todas as semanas, por cerca de ao menos meia hora, via ligação de vídeo, com pessoas que estão em diversos países do mundo, todos certificados para o ensino do inglês, com diferentes sotaques. Para muita gente pode parecer algo muito simples, mas para mim foi um passo e tanto.

Nunca tive qualquer timidez para câmeras ou salas de aula, mas quando se trata de falar inglês eu tenho um botão de pânico de acionamento automático. Fico travada, literalmente. Nas poucas vezes nas quais estive no exterior, fiz de tudo para não ter que falar ou falei o mínimo possível, constrangida que fico.

Não vou aqui fazer propaganda do aplicativo até porque esse não é meu objetivo, mas tem valido a pena. Voltei a contatar o mesmo professor, uma figura que mora em um farol de uma ilha nas Filipinas e que deixou NY para uma vida mais leve, mais feliz. Sem querer, sem saber, tem ajudado a melhor a minha também! E viva a globalização. Thank you so much!!!

Cinthya Nunes é jornalista, cronista, advogada, professora universitária e agora acredita que pode falar inglês um pouco melhor – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.