Na semana que passou eu escrevi sobre um especial reencontro que estou vivendo através da criação de um grupo virtual, no WhatsApp. Lá reencontrei amigos de cujos nomes já nem me lembrava, bem como outros que eu aparentemente tinha deixado em algum lugar do meu coração, dormente, temporariamente esquecidos.
O engraçado é que por mais que eu saiba que todos nós agora temos feições muito diferentes daquelas que tínhamos há quase trinta anos, nos tempos em que cursávamos o colegial, atual ensino médio, eu ainda os imagino daquele modo, congelados no tempo. Trocando mensagens através do aplicado, descobri que vários deles também tem a mesma sensação.
Fico pensando que será curioso um encontro presencial entre pessoas que muito provavelmente não se reconhecem ao vivo. Embaixo de cabelos brancos, ruguinhas e vários quilos a mais, permanecemos por ali, jovens em alma e é nesses momentos que eu me dou conta de que o tempo passou realmente, doa a quem doer.
Aos poucos fomos nos lembrando de nossos professores e não deixa de ser triste o fato de que muitos deles já morreram, embora as histórias por eles protagonizadas sejam dignas de serem repetidas e já estejam incorporadas aos nossos subconscientes. Alguns professores morrem para se transformar em lágrimas, enquanto outros se transformam em mitos.
Os colegas foram sendo adicionados ao grupo conforme foram sendo encontrados. De um em um já estamos em 65 membros. Alguns foram adicionados ao grupo e sem fazem qualquer comentário ou registrarem presença, saíram de fininho. Já outros pertencem ao grupo que começa a dizer bom dia logo cedo e que não termina o dia em sem um desejo de boa noite.
Até mesmos os risos virtuais já tomaram a proporção de uma sala de aula, abafando qualquer outra conversa que se queira insinuar. Quase todas as interações são sobre saudades, sobre o que o tempo fez com o outro e como podemos fazer para nos encontrarmos. Alguns, que estão mais próximos, já se mexeram e se visitaram, inaugurando uma nova fase, uma época de reencontros.
E foi na tentativa de agruparmos outros amigos é que descobrimos a morte prematura de mais uma. Aos 43 anos ela se foi, dormindo. Vimos pelas redes sociais. Já se vão dois anos de sua morte e nossos pêsames e lamentos por uma amiga de colégio se deram tardiamente. Foi um choque, pois a foto de seu perfil estampa ainda a menina que ria conosco e que ocupa várias das fotos que levamos ao grupo para nos ajudar a preencher as lacunas que a memória deixou.
De toda essa experiência eu fico com a certeza de que não há tempo a perder, que o tempo de ter todo o tempo do mundo já passou... Agora é brincar de viver!