Nem fazia ideia de que existia um elemento com esse nome, mas descobri que um casal pode completar Bodas de Antimônio. Procurei naquele que socorre todos os ignorantes, o Google, e a definição de antimônio em nada me esclareceu. Conforme disponível na página Brasil Escola: “O antimônio, símbolo Sb e número atômico 51, é um elemento químico pertencente ao Grupo 15 (grupo do nitrogênio) da Tabela Periódica.”
Não sei vocês, mas eu não conseguiria identificar se visse um antimônio por aí só com esses dados. Li também que já foi considerado um semimetal, mas agora é classificado como metal. Taí outra coisa que eu não sabia: que existia semimetal! Ou a tabela periódica da minha época era diferente ou eu que já não me lembro mais de quase nada. Talvez as duas hipóteses.
Enfim, já que estava lendo sobre ele, avancei um pouco e descobri que em sua forma metálica o antimônio é prateado, escamoso, quebradiço e que o seu componente principal, a estibina, na Idade Antiga era utilizado pelos egípcios e hindus para aquela maquiagem preta nos olhos. Hoje, porém, tem uso na confecção de baterias automotivas e semicondutores, entre outras utilidades. Era o kajal antigo, em resumo, passando de maquiagem a componente de carro. Nada como um dia atrás do outro.
Minha curiosidade sobre o antimônio começou quando, para escrever este texto, fui procurar qual o nome que se dava às Bodas daqueles que completam 53 anos de casados, como meus pais fizeram recentemente. Tá certo que os metais mais conhecidos e legais já deram nome para as datas mais famosas, como as Bodas de Prata e as Bodas de Ouro, mas não encontrei, inicialmente, as razões pelas quais antimônio figura nessa lista.
Fiquei até imaginando um convite para festa: “Amigos, vamos comemorar nossas Bodas de Antimônio e contamos com a presença de todos”. Penso que muitos ficariam confusos sobre que tipo de festa seria essa. Pensando bem esse nome soa meio como de remédio: - “A senhora deve tomar trinta gotas de antimônio de doze em doze horas”.
Brincadeiras à parte, minhas irmãs e eu comemoramos com muita alegria as Bodas de Antimônio dos nossos amados pais, Luiz e Beth. Cinquenta e três anos de uma união que, como qualquer outra, teve e ainda deve ter os seus perrengues, mas que sempre se sustentou no respeito daqueles que se amam por muito tempo. Amor esse que transmite seus frutos às filhas e aos netos, seus descendentes diretos, resultados que somos de uma história de vida escrita pelo trabalho, companheirismo, amizade, cuidado mútuo, comprometimento, honestidade e boa-fé, na certeza de que valores não são meras palavras vazias em significado.
Fiquei, uma vez mais, pensando qual presente seria digno e representativo de tudo quanto sinto por essas pessoas que me chamaram a esse mundo. Concluí que uma viagem de cinquenta e três dias pela Costa Amalfitana seria uma excelente opção, mas por ora está além das minhas possibilidades. Assim, optei por essa homenagem pública, singela, mas única em sua existência, porque compreendi que palavras exprimem e transbordam amor.
Assim, meus amores primeiros, que essa data ainda se repita longamente porque se me fosse dado um único desejo a ser concedido pelo Criador, era que os fizesse eternos. Eu, que nem sei ao certo no que acredito, no entanto, cuja fé me falta em certos momentos, só nunca deixei de acreditar em vocês dois e no amor que me devotam o tempo todo. Nós, suas filhas, tivemos a sorte de nascer em um ninho de amor ou, como só nós sabemos as razões, em um ninho de gatos.
Pesquisando mais sobre o antimônio, li que ele é resistente ao fogo, o que me parece justificar a sua escolha para essas Bodas, pois “o amor é fogo que arde sem se ver”, embora eu o veja, todos os dias, quando olho para os meus pais...