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corona

Depois das três ou quatro doses da vacina e da quase total abolição do uso de máscaras, a maior parte das pessoas retomou a vida normal, seja lá o que isso significa agora. Reuniões com amigos e festividades com aglomerações foram retomadas e, em alguns momentos, é até possível esquecer a existência do flagelo chamado COVID.

Certo que diante de um cenário de crise política, alta de preços e desemprego, não há exatamente a alternativa, para grande maioria dos brasileiros, de se ficar em casa, trancado, à espera de que seja cem por cento seguro novamente. Até mesmo porque, parece-me, nunca foi e nem nunca será.

Por algumas semanas ou até poucos meses, o maldito vírus esteve mais escondido e os índices de mortes e de infecções pela COVID-19 chegaram a patamares razoáveis, por assim de dizer, considerando-se as taxas de outras doenças. Nada aceitável ou a se comemorar, no entanto, já que qualquer morte é irreparável.

O tal coronavírus, entretanto, é bicho tinhoso e bastou as pessoas relaxarem um pouco que ele já veio mostrando as garras novamente. Toda semana fico sabendo de novos casos, inclusive na família. Ainda bem que, aparentemente, os sintomas são mais fracos e os infectados se recuperam mais rapidamente, sem complicações ou sequelas. Ao que se sabe, é claro.

` No momento em que escrevo esse texto posso dizer que ainda não positivei para Covid ou ao menos não que eu tenha conhecimento. Ao que me consta, por ora sigo ilesa. Qualquer mísera dor de garganta ou crise de espirros e eu já fico em alerta, pensando se devo ou não fazer o teste. Com uma renite alérgica que é minha companheira há décadas, especialmente nas manhãs de inverno e nos dias mais secos, é complicado separar sintomas e ter diagnósticos precisos.

Acredito que os números atuais da Covid estejam bem defasados, inclusive por conta do narrado acima. Muitas pessoas optam por não fazer o teste que, apesar de tudo, ainda é caro. Ir ao hospital e fazer pelo SUS nem sempre é viável. Enfrentar filas e ter que faltar ao trabalho ainda são óbices presentes. Então, diante de sintomas leves, tudo vai sendo tratado como gripe mesmo e vida que segue.

Leiga, ainda não estou convencida, pelas minhas simples leituras sobre os fatos, se no futuro tudo será assim mesmo. A questão é que a COVID ainda está entre nós e suspeito que veio para ficar. Em algum lugar eu li que todas as pessoas irão, em algum momento, ter contato com o vírus. Talvez algumas, mais resistentes, não desenvolvam sintomas, enquanto outras poderão ter formas mais graves. Tudo uma loteria onde sorte e genética se misturam sem medida.

Mas como nós, os peões desse tabuleiro da Rainha louca de Copas, devemos agir? É com esse dilema que meus neurônios têm dividido as jogadas. Sigo tendente a viver o mais próximo da normalidade que me é possível, mas posso estar errada. Uso máscara ainda em alguns locais, porém em outros eu sequer me lembro de que um dia as usei. Óbvio que temo o vírus, já que nunca sabemos como ele se manifestará, mas creio que não sei mais viver com medo do ar que eu respiro.

Coisa doida isso de estarmos nesse mundo sempre pendurados por um fio frágil, invisível, cuja outra ponta desconhecemos. Parece-me um paradoxo insolúvel. Eu não sei vocês, mas cá comigo, vez ou outra, tenho a sensação de que somos marionetes comandadas pelo Chapeleiro maluco. Mas sei lá, que Deus nos livre disso tudo. Amém.

Cinthya Nunes é jornalista, advogada, professora universitária e poderia, em muitos dias, se chamar Alice – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo./ www.escriturices.com.br