Mesmo antes de aprender a ler eu já era fissurada por livros e pela mágica que são capazes de produzir assim que suas páginas são abertas. Tão logo aprendi a ler, nunca mais consegui me manter longe de um livro. Não se passa um único dia no qual eu não tenha lido algo, sem que eu tenha me aventurado para dentro de alguma outra realidade, outro mundo ou simplesmente para vida de outras pessoas.
Acredito até que quando o assunto é livro eu tenho praticamente uma compulsão. O detalhe é que não tenho o mesmo ímpeto consumista para praticamente nada. Sou uma pessoa de gastos ponderados, que planeja e gasta de acordo com os recursos disponíveis. Contudo, perco a cabeça quando entro em alguma livraria ou mesmo banca de jornal. Ainda que eu não faça loucuras, sempre saio carregada de livros. Na pior das hipóteses (ou na melhor?) saio de lá com ao menos um exemplar.
Não adquiro livros, porém, para que se tornem acessórios em uma estante. Compro para consumi-los, devorá-los, em uma fome que me ultrapassa. Não estou aqui querendo me qualificar como intelectual ou coisa do gênero. Tampouco é falsa modéstia. Até mesmo porque meu gosto para leitura é muito variado, indo desde gibis, fontes das minhas primeiras leituras, passando pelos policiais e ficções das mais diversas, para somente depois encontrar os livros técnicos, relacionados às áreas nas quais milito.
A coisa toda é que gosto mesmo de ler, compulsivamente. Assino revistas, jornais e boletins, físicos ou eletrônicos. Faço parte de dois clubes de livros e todos os meses fico alucinada quando vejo o correio trazer minhas caixinhas. Tenho ainda um kindle, dispositivo para leitura de livros digitais, capaz de armazenar milhares de livros e que, tendo iluminação própria, permite que eu leia em qualquer ambiente, mesmo onde não há luz ou no qual a luz poderia incomodar a quem está dormindo. Aliás, preciso ler para dormir, nem que sejam poucas páginas. É mais como o passaporte que adquiro como ingresso aos sonhos que se seguirão.
Tenho o sincero propósito de ler todos os livros que tenho comigo. O grande problema é que enquanto leio uns 4 por mês, compro uns 5 e assim estou sempre um passo atrás de mim mesma. Além disso, sabendo desse meu hábito, sempre há quem me presentei com algum exemplar ou, tendo lido um bom livro, ofereça para me emprestar, o que prontamente aceito.
Embora não empreste meus livros para qualquer pessoa, gosto de fazê-lo para aqueles que sei que os lerão e, sobretudo, devolverão. Tenho ciúme deles, confesso. São meus como são de alguém as suas memórias. São memórias alheias, dos autores ou dos personagens, das quais me aproprio despudora e eternamente.
Não sou pessoa de dar conselhos, até porque apreendi que isso quase sempre é inútil, mas a quem deseja ampliar seus horizontes, viver várias vidas em uma, recomendo doses maciças de livros, até porque eles existem para todos os gostos, de todos os sabores. Livro é tão bom que deveria ser adjetivo, segundo li certa feita. Gosto tanto disso que, quando eu morrer, quero ser enterrada dentro de um...