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mensagens do mês de agosto

Não tenho lembranças de outro mês de agosto em que tenha feito tanto frio. Em tempos de pandemia tudo parece mesmo fora de lugar. Os dias ventosos e secos foram substituídos por semanas bem geladas, em mais uma das inversões dos últimos anos. Os Ipês, talvez por revolta, talvez por agradecimento, floresceram mais cedo, forrando as ruas e calçadas com flores amarelas, rosas e brancas, em uma antecipação de setembro.

Sempre ouvi dizer que agosto é o mês do cachorro louco e nunca soube exatamente o que isso significava. Parecia-me que era uma forma de dizer que em agosto as coisas tendiam a dar errado, a se complicarem, como se fosse um mês mais difícil do que os demais. Quando era criança pensava que nesse período os cães eram tomados de alguma fúria em especial.

Somente agora, ao escrever esse texto, no entanto, é que fiz uma rápida pesquisa e descobri que agosto leva essa fama porque como regra, no passado, as pessoas, observando os animais, concluíram que em agosto havia uma quantidade maior de cadelas no cio. Como consequência, os cães machos ficavam mais agressivos, andando em grupos maiores, mais propensos a propagar a doença da raiva. Acredito que a maior parte das pessoas desconheça essa origem, embora prossiga chamando o mês de agosto de mês do “cachorro louco”.

Outra crença popular é de que o mês de agosto costuma ser mais longo, com horas que se arrastam sem pressa, quase como se fosse possível ter algum saldo positivo de tempo. De fato, é um dos meses com trinta e um dias, mas por alguma razão que desconheço, é que às vezes ele realmente parece conter outro mês dentro dele. Para mim o mês de agosto sempre representou um mês com muitos aniversários em família, entre eles o do meu pai, que nesse ano completou setenta e oito anos, acumulando igual número de agostos vividos. Nesse sentido, desejo agostos eternos.

O oitavo mês do calendário gregoriano leva esse nome em homenagem ao imperador César Augusto e talvez por isso, na astrologia, seja em maior parte regido pelo signo de leão, animal imponente e orgulhoso. Não que eu entenda algo do assunto, mas extraí a informação em uma simples consulta no Google e achei curiosa, pensando nos leoninos que conheço. Não deveria talvez, ser conhecido com mês dos felinos bravos?

Curiosa também a informação que encontrei que agosto, no hemisfério sul, é o equivalente sazonal a fevereiro, no hemisfério norte. Como uma nascida em fevereiro, talvez agosto seja o meu lado B, uma outra face do mês em que vim ao mundo. Pode até ser que venha daí essa minha inquietação quanto a esse intervalo de trinta e um dias do ano.

Entre outras datas, no Brasil, nesse mês se comemora o dia do Advogado e do Magistrado, do Estudante, do Maçom, do Padre, o Dia Nacional da Saúde, o dia dos Pais e o dia do Patrimônio. Em muitos países da Europa, agosto é um mês de férias e a Igreja Católica considera agosto o mês das Vocações.

Tenho lembranças de que os meses de agosto eram meses de ventos fortes e frescos, de folhas que fugiam das árvores em bandos, para dar lugar aos botões de flores. Meses de sair por aí com a peneira para pegar saci nos redemoinhos, meses de voltar às aulas, seja como aluna ou bem mais tarde, como professora. A gosto da vida, que venham muitos agostos, pois os anseio sentir de rosto livre, sem máscaras ou medo do que o vento carrega com ele.

 

Cinthya Nunes é jornalista, advogada, professora universitária e apesar dos predicados de agosto, prefere mesmo é o mês de setembro – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo./ www.escriturices.com.br