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Com a intenção de propiciar alimentação de melhor qualidade nutricional para minhas cachorras, após a orientação de um veterinário especializado, substituí a ração pela comida natural. O processo não foi tão simples como eu um dia supus, mas menos complicado do que poderia ser. Trabalhoso, entretanto.

No ano passado, por conta própria, tentei substituir o sachê industrializado que elas comiam por carne de frango. Troquei de um dia para o outro, sem qualquer adaptação e o resultado foi uma horrível diarreia que durou uns três dias. Naquela época concluí, erroneamente, que elas não se adaptavam à comida natural.

Quase um ano depois, diante da necessidade de uma de minhas cachorras emagrecer mais de um quilo, resolvei seguir o protocolo adequado e com a ajuda do veterinário. Epilética, ela toma medicamento anticonvulsionante (Gardenal) de doze em doze horas, todos os dias. Um dos efeitos mais imediatos dessa medicação é a retenção de líquido e o aumento do apetite. Com 8,3 kg ao iniciar o tratamento, Gigi já estava pesando 9,6 kg, bem roliça.

Esse aumento de peso ocasionou um descompasso e a medicação teve que ser aumentada, pois as crises convulsivas deram as caras novamente. Antes que se estabelecesse um perigoso e mortal círculo vicioso, optei por uma estratégia de retorno ao peso ideal e a escolha foi a supressão total da ração.

Descobri que é muito complicado colocar um animal em regime. Como ela não entende os motivos pelos quais deixou de receber petiscos e guloseimas caninas, fico eu com a impressão de que estou submetendo a pequena a maus-tratos, ainda que meus motivos sejam os mais nobres possíveis. O duro é aguentar a cara de coitada, com aqueles olhos imensos me fitando enquanto como qualquer coisa.

Agora, entretanto, concluo que ela se alimente muito melhor do que eu. Todo o preparo da comida é especial e as porções são equilibradas entre vegetais, carne e tubérculos. Regada a fio de azeite e com suplemento vitamínico especial, a refeição é cheirosa e tem cara boa, mas as quantidades são bem controladas.

Embora eu goste de cozinhar, não tenho predileção pelo preparo das refeições cotidianas, mas me vi durante dois dias inteiros cortando, cozinhando, porcionando e preparando mais de uma dezena de pequenas marmitas, todas destinadas às duas refeições diárias das minhas cachorras.

Na primeira pesagem após o início dessa epopeia já vislumbramos algum sucesso, pois minha gordinha perdeu 250g. Mais de um mês e lá se foram 500g. Agora ainda falta um 1kg, mas é um processo lento. Animais acima do peso costumam ser bem engraçadinhos, bonitinhos, mas muitas vezes há um risco de saúde envolvido e é preciso ter atenção ao bem-estar deles, tal qual se dá no caso dos humanos.

Nossa outra cachorrinha, a Juju, é magrinha e não impedida de comer os petiscos. Optamos por alguns mais naturais e nutritivos, mas desafio qualquer um a tentar fornecer escondido uma guloseima a apenas um dos cães quando há outros que vivem junto. Nem mesmo práticas ninja para abertura de pacotes, saquinhos e potinhos passa despercebido pelos ouvidos e focinho de uma cachorrinha gulosa e com fome.

Vez ou outra eu consigo visualizar o veterinário me dando uma bronca quando, testada ao máximo, cedo, fornecendo para Gigi algum pedaço quase microscópico de um biscoito dado na integra para Juju. Admito, sou fraca e uma facilitadora ocasional, mas estou me esforçando ao máximo. Seguimos firmes no projeto verão, a base de muita batata doce.

Cinthya Nunes é jornalista, advogada, professora universitária e precisa desviar o olhar para não sucumbir aos apelos de uma cachorrinha fazendo regime forçado – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo./www.escriturices.com.br